segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Carta aos fieis

Carta aos fieis

Aos que rogam a necessidade de estarem protegidos por paredes e homens que reproduzem as palavras, onde majoritariamente esquecem da essência de tudo, do que move o mundo: O amor.

Abraçam ideologias que promovem a discórdia e a guerra, o preconceito e a ignorância, fechando as portas do bom senso. Digo que acredito na santidade, não do homem, mas no gesto santo do mesmo. Acredito;

na gratidão,

no obrigado,

no vento que gira pelo mundo,

no sorriso da criança,

na paixão,

na chama,

naquele que ama,

no amor de Ana.

Acredito no que é belo,

na vida que brota,

na chuva ,

na terra,

no tempo,

na dor que faz ausentes,

na grande velocidade da felicidade presente,

no tentar novamente,

no pensamento concreto,

no caráter reto,

na caridade,

na amizade,

no perdão,

no apertar de mão,

no choro arrependido,

na busca pela esperança,

na lembrança de outrora,

na alegria

e na sabedoria de buscar o melhor para você para seu próximo e para o mundo a cada dia.

Amem.

Favela

Favela

Hoje a favela vive sob o olhar de vários curiosos, turistas, doutores, cineastas, enfim, pessoas que tem algum interesse em particular. Diante disso, se promovem discussões, debates para se entender, como gostam de dizer alguns antropólogos: o exótico da favela e suas peculiaridades. É um tema que sempre entra em pauta em qualquer discussão

“Favelado é tudo igual!” Diz o desinformado. Como tudo se resumisse na violência que agride o morro. Bando de “funkeiros!”, diz o resistente a mudanças. E sobre o “funk”, temos que ter cuidado ao abordá-lo, pois assim como qualquer música tem a que presta e a que não presta. Não me fazendo de advogado do diabo, até porque não é um ritmo que me agrada, mas temos que dar a mão à palmatória, pois se tornou uma febre e acabou sendo a saída para ascendência social de muitos jovens, visto que o preconceito social é tão forte e excludente, que através de tal manifestação alguns poucos passam a ter uma vida mais digna. E o mais importante: viram ícones, ídolos, referências. Antes, a criança ver a saída da sua pobreza no “funk” do que no tráfico de drogas.

Fazem apologia ao crime! Alguns sim. Desmoralizam a figura da mulher! Sim, alguns desmoralizam. Por quê? Será pela falta de educação que acarreta na distorção de valores? Não sei. Difícil dizer. Na verdade, falta conscientização, informação, pois se esse tipo de música faz sucesso é porque vende. E é somente o filho do pobre que escuta esse tipo de música? Enganou-se! Pois, temos jovens de classe média e alta escutando o gênero e digo ainda, as chamadas “patricinhas” subindo o morro para ver seu namorado traficante. Ou não?

Ah! O “funk” é marginalizado assim como o samba foi nos seus primórdios. Sim, o preconceito é o mesmo! Mas, o contexto é diferente, a abordagem é diferente. Na verdade, para tentar diminuir o problema com o “funk”, não precisa acabar com ele, simplesmente eliminá-lo. Temos é que mudar o pensamento de alguns funkeiros. Mudar o foco de apelo. Ah! Mas, será que a sociedade como todo, tem culpa disso? Acredito que sim, somos réus nesta história e não pobres vítimas, pois poderíamos ter mais educação, mais tolerância, mais livros e menos reality shows (com mulheres que vendem o sexo com suas enormes bundas). O sexo vende e sempre dará lucro, só que antes era mais sutil. Sutileza! Que palavra é essa? Será que a favela sabe do que se trata? Pois o traficante, “trabalha” de forma sutil, a polícia adentra sutilmente. A pobreza, a falta de hospitais, a vala negra na porta da minha casa e o lixo atrás dela, são sutilezas do governo.

Ah! Mas, o autor deste texto está defendendo muito o favelado!

E a moda! Ô consumo maravilhoso! Já viu como favelado anda? “Andam todos iguais!” Bermudinha, bonezinho, tênis de marca... Mas é claro! Hoje, a favela tem seu próprio estilo e lança moda. É óbvio que você identifica um favelado pela roupa. Da mesma forma como podemos identificar o roqueiro, o emo, o surfista, o ‘playboy’, o burguês, entre outros. A moda da favela é diferente, por quê? Porque é do pobre? “Favelado fala tudo igual, cheios de gíria!” Jovens com melhor situação social financeira não falam? Desculpa! A diferença é que a gíria do favelado surge na escola pública, enquanto do rico na particular. Pô! Esse cara só defende o favelado! Que discursinho mais safado, parece um estudante subversivo das antigas. A molecada na favela gosta é de drogas! Opa! Vamos com calma! Que molecada? Uma porcentagem muito pequena usa sim. Assim, como uma minoria de jovens endinheirados se entopem de êxtase. Este é mais caro, mas é questão de ‘status’.

Temos que dar oportunidade dessa “gente bronzeada mostrar seu valor”, mas em qualquer tempo, não só no Carnaval, não só na portaria do prédio, não só na hora de cozinhar, passar, dar faxina, abrir a porta do carro, vender bala no sinal...

Lucio Brandão 28/02/2009